15/Feb/2024
Há cerca de quatro meses, os preços do trigo no Brasil vêm oscilando em um pequeno intervalo. Nem mesmo a redução da oferta na safra anterior e os baixos estoques deram impulso aos valores. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a produção de 2023 foi equivalente à metade da colhida em 2022 e, ainda assim, as cotações seguem enfraquecidas. No geral, agentes, agora, se atentam ao interesse de produtores na semeadura da nova temporada e a estimativas externas, que apontam novo aperto de estoques de passagem na safra 2023/2024. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os preços registram queda de 0,56% no Paraná e 0,33% em Santa Catarina, e estabilidade no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as quedas são de 3,1% no Paraná, de 1,22% em São Paulo e de 0,94% no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, há alta de 0,62%.
Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, entre os dias 2 e 9 de fevereiro, os preços FOB recuaram 2,5%, a US$ 238,00 por tonelada, o menor deste ano. Nos Estados Unidos, o primeiro vencimento (Março/2023) do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra queda de 0,5% nos últimos sete dias, a US$ 5,96 por bushel (US$ 219,27 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem desvalorização de 3,8% no período, a US$ 6,01 por bushel (US$ 221,01 por tonelada). As baixas estão relacionadas ao relatório de oferta e demanda divulgado pelo Departamento de Agricultura dos estados Unidos (USDA), indicando projeção de estoques acima das expectativas nos Estados Unidos. Novas estimativas para a safra 2023/2024 de trigo apontam produção mundial abaixo da temporada anterior, enquanto o consumo se eleva.
São projetadas 785,74 milhões de toneladas, pequena alta de 0,1% frente ao último relatório, mas queda de 0,4% em relação à safra passada, com a pressão ainda vindo da Austrália e do Cazaquistão. Para o consumo global, o USDA prevê 797,52 milhões de toneladas em 2023/2024, elevação de 0,9% frente a 2022/2023 e superior à produção mundial. Os estoques finais foram novamente reduzidos e devem somar 259,44 milhões de toneladas, queda de 4,3% em relação à temporada anterior e seguindo como os menores desde 2015/2016. Em relação aos volumes transacionados internacionalmente, o USDA aumentou a estimativa frente ao relatório de janeiro, porém, continuam inferiores aos da temporada passada. A quantidade mundial exportada deve somar 214 milhões de toneladas em 2023/2024, alta no mês, sobretudo para a Ucrânia, mas queda de 1% na comparação com a safra 2022/2023, com recuo expressivo na Austrália (-28,9%).
Apesar disso, há expectativa de elevação relevante nos embarques da Argentina, que podem somar 10 milhões de toneladas. No Brasil, em estimativa divulgada neste mês, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou área nacional de 3,48 milhões de hectares, em linha com o ano anterior. A Conab ajustou apenas os dados de produtividade para 2024, elevando em 25,9% na média nacional, para 2,93 toneladas por hectare. Com isso, a produção prevista é de 10,19 milhões de toneladas, forte elevação de 26% frente à temporada finalizada em 2023. A Conab também estima importação de 5 milhões de toneladas entre agosto/24 e julho/25, conduzindo a uma disponibilidade interna de 15,6 milhões de toneladas, contra 15,01 milhões de toneladas na temporada passada. O consumo doméstico está previsto em 12,64 milhões de toneladas, um recorde, e as exportações, em 2 milhões de toneladas.
Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em janeiro/2024, chegaram aos portos brasileiros 614,03 mil toneladas de trigo, 55,2% a mais que o volume importado em dezembro/2023 e 39,6% superior ao de janeiro/2023. O preço médio FOB origem do cereal importado foi de R$ 1.226,85 por tonelada, baixas de 1,5% no mês e de 33,7% em um ano. Nos últimos 12 meses, as importações somaram 4,35 milhões de toneladas. Em janeiro, a Argentina forneceu expressivos 91,8% do trigo importado pelo Brasil. Quanto às exportações, o Brasil embarcou 1,02 milhão de toneladas de trigo em janeiro, o maior volume já escoado pelo País em um único mês. Portanto, as vendas externas superaram as de dezembro/2023 (que se limitaram a 295,79 mil toneladas) e as de janeiro/2023 (561,76 mil toneladas). Em 12 meses (de fevereiro/2023 a janeiro/2024), os embarques somaram 2,86 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.