19/Feb/2024
Poucos negócios foram efetivados com trigo no spot na semana de Carnaval. Os produtores que ainda dispõem de cereal de qualidade, mesmo após a importante quebra de safra, preferem manter o produto no silo, no aguardo de preços e condições mais compensadores para comercializar. A indústria, tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul, conseguiu se abastecer ainda no início da safra, quando o trigo apresentava boa qualidade. Tanto que agora não têm comprado muito cereal brasileiro justamente por causa do baixo padrão do trigo, o que interfere na qualidade da farinha. No Paraná, a negociação com trigo no spot está praticamente e os preços estáveis. Com moinhos abastecidos e no aguardo de trigo negociado com a Argentina há algum tempo, a demanda pelo cereal local está praticamente estagnada.
Mesmo assim, a indústria indica entre R$ 1.250,00 e R$ 1.300,00 por tonelada de trigo colocada no moinho em março e pagamento em abril. Os vendedores, porém, indicam o mesmo valor, só que no FOB, em ambos os casos, para trigo tipo 1. Outro fator a desestimular os negócios, desta vez por parte do vendedor, é que o produtor está ocupado agora em colher o milho da safra de verão (1ª safra 2023/2024) e se preparar para a colheita de soja, não sobrando tempo para negociar o cereal de inverno. Ainda há expectativa de valorização deste grão, já que a quebra da safra na região dos Campos Gerais foi severa, atingindo pelo menos 50% da área plantada.
Assim, quem não precisa de dinheiro agora e tem espaço no silo prefere aguardar para obter preços mais altos no futuro. Em relação ao trigo da safra 2024/2025, ainda não há indicações de preços. Há muita incerteza em relação ao plantio do milho 2ª safra de 2024, não só no Paraná como na Região Centro-Oeste. Se produtor desistir do milho 2ª safra por causa do clima, vai ter de plantar trigo na mesma área. Então, como ainda não se sabe como vai ficar a 2ª safra de milho 2024, o produtor não arrisca negociações antecipadas de trigo também. Outro entrave para a safra de trigo do ano que vem é a falta de sementes para plantio do cereal. Como teve uma quebra grande de safra, deve faltar sementes no Paraná e no Rio Grande do Sul. Este é mais um fator de incerteza.
No Rio Grande do Sul, igualmente, a comercialização de trigo no spot segue praticamente paralisada. Há desacordo entre os agentes em torno dos preços e, além disso, a indústria está abastecida, seja com cereal de qualidade do Estado obtido ainda no início da safra de 2023, seja com produto importado do Paraguai e da Argentina há alguns meses. Outra dificuldade tem sido os moinhos conseguirem trigo de qualidade, com PH 78 para cima. O que tem sido ofertado neste momento é trigo com PH 74 a 76; PH 78 é raro, por causa da quebra de safra no ano passado. Os produtores indicam R$ 1.200,00 por tonelada FOB, com retirada imediata em Passo Fundo e pagamento em 30 dias, para o trigo PH 74 a 76. Não há muito trigo disponível com PH 72 a 75, de baixa qualidade.
Os moinhos indicam os mesmos R$ 1.200,00 por tonelada, mas para o cereal de PH 78 colocado na indústria em Passo Fundo, com embarque imediato e pagamento em 30 dias. Os preços estão estáveis e não há registro de acordos. Neste momento, mesmo com a dificuldade de encontrar trigo de bom padrão no Rio Grande do Sul, a indústria não voltou a comprar da Argentina, pelo menos por enquanto. De outro lado, a própria comercialização da farinha está lenta, por causa da queda da qualidade, então as compras de trigo têm sido mais pausadas. Quanto ao trigo futuro, da safra 2023/2024, ainda não há indicações de preços. Alguns produtores já estão atentos aos insumos, nas sementes. A percepção é de que não haverá muita semente, por causa da quebra da safra passada. Assim o preço deste insumo pode subir. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.