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26/Feb/2024

Preços do trigo estáveis e baixa liquidez no mercado

A comercialização de trigo no mercado interno continua lenta. Moinhos abastecidos e produtores voltados ao desenvolvimento e às vendas das lavouras de verão (1ª safra 2023/2024) limitam o avanço dos negócios. Com a baixa liquidez, os preços, por sua vez, seguem praticamente estáveis. No Rio Grande do Sul, na região de Ijuí, os moinhos adquirem lotes pontualmente e o mercado segue parado. A indústria local já adquiriu 236 mil toneladas de trigo argentino com previsão de entrada de outras 62 mil toneladas nos próximos dias. Na ponta compradora, o foco é o cereal argentino porque o trigo do Rio Grande do Sul está inferior em qualidade, não gerando pressão de compra. Os moinhos estão com estoques para março e parte de abril. Em 2023, moinhos do Estado processaram 1,9 milhão de toneladas, sendo majoritariamente de trigo local. As tradings também estão pouco ativas e concentradas nos embarques de soja e milho da safra de verão (1ª safra 2023/2024).

A estimativa é de que das 3 milhões de toneladas colhidas no Estado, 1,468 milhão de toneladas já foram embarcadas via Porto de Rio Grande. Há outras 478 mil toneladas a serem exportadas, com navios já nomeados, o que totalizaria 2,1 milhões de toneladas exportadas, equivalente a 70% da safra. Isso faz com que não tenha pressão de vendedor, salvo raras exceções, por espaço para a safra de soja. No Estado, trigo com PH 77, de qualidade superior, gira em torno de R$ 1.200,00 por tonelada FOB interior, valor inalterado nas últimas semanas. Grão para ração é cotado a R$ 945,00 por tonelada CIF Porto de Rio Grande. A maior parte do cereal tipo ração já foi comercializada no Estado. Na região de Passo Fundo, com os moinhos abastecidos, a comercialização está lenta, apenas com transações pontuais. Ao longo da semana passada, rodaram negócios com trigo de qualidade inferior, com PH 72, entre R$ 830,00 e R$ 885,00 por tonelada (ou entre R$ 50,00 e R$ 53,00 por saca de 60 Kg) FOB, para entrega imediata e pagamento em 30 dias.

Para o cereal com PH 75 ou acima disso, as indicações são de R$ 1.180,00 por tonelada. Os produtores estão retraídos, pois o Estado tem pouco trigo disponível para os negócios. Há dois meses rodaram muitos negócios com o trigo de baixa qualidade colhido no Rio Grande do Sul. Com os problemas na safra, os moinhos compraram o cereal inferior, mas a situação gerou alguns problemas no cumprimento de contratos justamente devido à qualidade. Então, as vendas internas começaram a rarear e a saída dos moinhos foi comprar o produto superior do Paraguai e Argentina, principalmente. Hoje, os moinhos estão abastecidos e os produtores olham para a próxima safra com muita cautela. Depois de se desfazerem do trigo ruim colhido que não podia ser estocado, os produtores estão armazenando o trigo de qualidade que conseguiram colher ou beneficiar à espera de uma alta de preços.

No Paraná, na região dos Campos Gerais, os moinhos seguem abastecidos, seja com trigo nacional colhido no início da safra 2023/2024, seja com cereal importado, e demandam pouco no spot. A indústria comprou bem e agora só tem feito propostas para embarque em abril. Os preços indicados estão em torno de R$ 1.200,00 por tonelada CIF moinho, para embarque em abril e pagamento em maio. Há também indicações por volta de R$ 1.300,00 por tonelada CIF moinho, para embarque em março e pagamento em abril, para o trigo tipo 1. Os produtores, entretanto, estão focados na colheita de milho e da soja 2023/2024 e não se interessam por esses preços, que se mantêm estáveis nos últimos sete dias. Moinhos aguardam oportunidades favoráveis de compra entre os produtores que justamente estão colhendo agora esses grãos e precisarão abrir espaço nos silos.

Quem não tem necessidade de espaço vai deixar guardado o trigo bom no silo e vender só depois que encerrar a colheita de milho e soja. Os produtores que aceitam vender agora o cereal de bom padrão indicam, porém, R$ 1.400,00 por tonelada FOB, para embarque imediato e pagamento em março, sem interesse de compradores. Outro motivo que desacelerou a negociação foi o feriado de Carnaval. Em relação ao trigo futuro, da safra 2024/2025, não há indicações, nem de compra, nem de venda. Ainda é muito cedo e, além disso, não se sabe qual vai ser a área plantada no Paraná, que está dependendo de quanto vai se cultivar de milho 2ª safra; se não cultivarem milho, a área provavelmente será ocupada com trigo, e até isso vai depender de haver ou não sementes disponíveis e de boa qualidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.