27/Feb/2024
Ainda que muitos agentes de moinhos se mostrem abastecidos, os compradores ativos no spot estão em busca de trigo com qualidade superior. Como a safra brasileira registrou problemas no desenvolvimento devido ao clima desfavorável, a oferta doméstica de trigo com qualidade é baixa, e os demandantes nacionais acabam adquirindo a matéria-prima no mercado externo, sobretudo de países do Mercosul. De fato, números oficiais mostram forte crescimento no volume importado neste ano. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de fevereiro, as importações brasileiras de trigo somam 383,95 mil toneladas, acima das 291,63 mil toneladas registradas em todo o mês de fevereiro do ano passado.
O preço médio de importação do cereal foi de US$ 241,20 por tonelada FOB origem, 33,1% abaixo do verificado há um ano (US$ 360,80 por tonelada). Quanto às exportações, o Brasil embarcou apenas 56,09 mil toneladas, contra 533,42 mil toneladas em fevereiro do ano passado. Tomando-se como base números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 12 a 16 de fevereiro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina foi de US$ 246,81 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 4,97, o cereal importado foi negociado a R$ 1.227,69 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média maior, de R$ 1.254,29 por tonelada. Isso evidencia que os preços do trigo importado estão praticamente nos mesmos patamares do cereal negociado no Brasil.
No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 230,77 por tonelada, o equivalente a R$ 1.147,92 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.182,46 por tonelada na média do Estado. Do lado vendedor, os produtores estão focados no planejamento de área para a nova temporada. Ressalta-se que as perdas de produtividade observadas em anos recentes e os preços internos operando nos menores patamares desde 2020 podem desestimular a semeadura de trigo. As cotações apresentam avanço no mercado de lotes (negociações entre empresas), enquanto se mantêm praticamente estáveis no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Nos últimos sete dias, os preços ao produtor têm leve alta de 0,32% em Santa Catarina e 0,28% no Paraná, e queda de 0,31% no Rio Grande do Sul.
Nas negociações entre empresas, a alta é de 2,58% em Santa Catarina, de 2,53% no Rio Grande do Sul e de 1,03% no Paraná, com baixa apenas em São Paulo, de 0,76%. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB registram recuo de 4,3% nos últimos sete dias, a US$ 224,00 por tonelada, o menor patamar deste ano. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Março/2023) do trigo Soft Red Winter registra avanço de 2,3% nos últimos sete dias, a US$ 5,73 por bushel (US$ 210,73 por tonelada). Esse aumento foi verificado mesmo diante do clima adequado à safra de inverno norte-americano. Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter tem valorização de leve 0,2%, a US$ 5,68 por bushel (US$ 208,92 por tonelada). De acordo com a SovEcon, os preços da Rússia de exportação são os menores desde setembro de 2020, operando entre US$ 218,00 e US$ 224,00 por tonelada FOB. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.