02/Jul/2024
Em período de entressafra e de baixa disponibilidade de trigo, sobretudo de maior qualidade, os preços do cereal se mantiveram em alta ao longo de junho. A valorização do dólar frente ao Real também deu suporte às cotações domésticas, à medida que encarece as importações do trigo. O ritmo de negociação, contudo, esteve lento em junho. Os produtores voltaram as atenções à semeadura da próxima safra, e os vendedores ativos no spot pediram preços maiores em novos fechamentos. Do lado da demanda, muitos agentes de moinhos se mostraram abastecidos, sem necessidade de adquirir grandes volumes. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), o aumento no preço é de 0,95% em Santa Catarina e de 0,06% no Rio Grande do Sul. No Paraná, há queda de 0,12%. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as elevações são de 1,49% no Rio Grande do Sul e de 2,78% no Paraná. Em São Paulo, verifica-se baixa de 0,69%, e, em Santa Catarina, os valores se mantêm estáveis.
Em junho, a média do trigo negociado no Paraná foi de R$ 1.516,78 por tonelada, alta de 9% frente à média de maio/2024 e 7% maior que a de junho/2023, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). No Rio Grande do Sul, a média foi de R$ 1.422,08 por tonelada, avanços mensal de 10,9% e anual de 10,2%. Em São Paulo, a média foi de R$ 1.626,38 por tonelada, aumento de 8,2% no mês e de 9,2% no ano. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.486,98 por tonelada em junho, alta de 4,5% em relação à de maio, mas pequena queda de 0,3% frente à de junho/2023. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) mostram que a área destinada à semeadura de trigo no Paraná foi reavaliada de 1,12 milhão de hectares para 1,15 milhão de hectares. Esse reajuste positivo se deve à decisão tardia de parte dos triticultores de regiões mais frias, que, por sua vez, foram estimulados pelos preços maiores. O aumento de área ainda foi limitado pela baixa disponibilidade de sementes.
Até o dia 27 de junho de 2024, a semeadura somava 94% da área projetada. A produtividade média pode ser de 3.300 Kg por hectare no Paraná, o que resultaria em produção de 3,8 milhões de toneladas. Contudo, as lavouras do Paraná têm sofrido com a falta de chuva, principalmente as do norte do Estado, onde aproximadamente 70 mil hectares estão em condições ruins e podem apresentar produtividade menor. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indica que a produção da safra de 2024 é estimada em 4,068 milhões de toneladas, 55% acima da temporada de 2023 (2,62 milhões de toneladas). A produtividade está projetada em 3.100 Kg por hectare para 2024, alta de expressivos 77,05% frente à safra anterior (1,751 Kg por hectare). A área deve cair 13%, para 1,312 milhões de hectares. Os futuros do trigo estiveram em baixa em junho. A pressão veio da alta do dólar frente a importantes moedas e do desempenho dos contratos de milho. Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Julho/2024) do trigo Soft Red Winter tem queda de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 5,53 por bushel (US$ 203,38 por tonelada).
Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta alta de 1,1% no mesmo período, a US$ 5,87 por bushel (US$ 215,87 por tonelada). Entre maio e junho, a baixa do primeiro vencimento na Bolsa de Chicago foi de 8,8%, com a média do último mês a US$ 5,99 por bushel (US$ 220,17 por tonelada) para o Soft Red Winter na Bolsa de Chicago. No comparativo anual (junho/2024 contra junho/2023), a queda foi de 9,2%. Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter cedeu 9,1% na comparação mensal e 23,6% na anual, com a média de junho a US$ 6,26 por bushel (US$ 230,21 por tonelada). Na Argentina, a semeadura do trigo teve um bom avanço, devido às chuvas recentes em boa parte das principais áreas produtoras do país. Nesse cenário, os preços FOB do Ministério da Agroindústria apresentam baixa de 5,2% nos últimos sete dias. Entretanto, a média de junho, de US$ 288,81 por tonelada, ainda ficou 1,8% acima da média de maio/2024 (US$ 283,82 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.