16/Jul/2024
Os preços do trigo estão registrando variações distintas dentre as regiões e as modalidades (mercados de balcão e de lotes). Esse cenário está atrelado às diferentes perspectivas entre compradores e vendedores, que, por sua vez, estão atentos às recentes desvalorizações externas, às flutuações do dólar e ao desenvolvimento das lavouras da nova temporada. No Brasil, dados divulgados neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam expressiva redução na área com a cultura. A indisponibilidade de sementes de qualidade, o risco de perda por chuvas e geadas, a baixa rentabilidade e danos registrados na safra anterior desestimularam os produtores na atual temporada. Segundo a Conab, 3,069 milhões de hectares devem ser destinadas ao trigo, área 11,6% menor que em 2023. Entretanto, a produtividade pode dar um salto de 25,1% em relação ao ano anterior, indo para 2.917 Kg por hectare.
Caso confirmado, a produção pode chegar a quase 9 milhões de toneladas, 10,6% acima da safra finalizada em 2023. Para a importação, a previsão é de queda no volume de agosto de 2024 a julho de 2025, para 5,8 milhões de toneladas. A disponibilidade interna está estimada em 15,55 milhões de toneladas, e o consumo doméstico, em 11,89 milhões de toneladas. As exportações permaneceram previstas em 2 milhões de toneladas. Em termos globais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima produção de 796,187 milhões de toneladas, aumentos de 0,69% frente ao relatório anterior e de 0,92% em relação à safra passada. Para o consumo global, o USDA prevê 799,94 milhões de toneladas em 2024/2025, elevação de 0,24% frente a 2023/2024. Os estoques finais foram reajustados positivamente, embora ainda sejam os menores desde 2015/2016, com projeção de 257,237 milhões de toneladas, alta de 1,97% em relação ao relatório passado, mas queda de 1,44% frente à temporada anterior.
A quantidade mundial exportada deve somar 212,887 milhões de toneladas em 2024/2025, estável frente ao estimado no mês anterior e 4,88% abaixo da safra passada. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), há queda de 0,77% no Rio Grande do Sul, mas alta de 0,13% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), a variação é positiva em 1,96% no Rio Grande do Sul, mas negativa em 2,41% no Paraná e em 0,65% em São Paulo. Após a divulgação do relatório do USDA, os preços da Bolsa de Chicago tiveram expressiva queda, devido à expectativa de aumento na produção dos Estados Unidos para a temporada 2024/2025 frente ao relatório anterior. Além disso, os valores também foram pressionados pelo avanço do estoque global e pelo progresso na safra do Hemisfério Norte.
Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Julho/2024) do trigo Soft Red Winter registra queda de 6% nos últimos sete dias, finalizando a US$ 5,38 por bushel (US$ 197,68 por tonelada), trata-se do menor valor da série para o contrato Julho/2024 (que, por sua vez, é negociado desde 2021). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta valorização de 1,5% no mesmo comparativo, a US$ 6,04 por bushel (US$ 221,93 por tonelada). Na Argentina, de acordo com o relatório divulgado pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires no dia 11 de julho, a semeadura de trigo avançou para 92,9% dos 6,3 milhões de hectares projetados para a temporada 2024/2025. Em relação aos preços, os valores FOB do Ministério da Agroindústria registram alta de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 272,00 por tonelada. A média de julho está em US$ 273,00 por tonelada, sendo 5,5% menor que a média de junho/2024 (US$ 288,81 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.