06/Aug/2024
Os preços do trigo subiram expressivamente em julho, sobretudo no Rio Grande do Sul, Estado que registrou a maior média mensal desde dezembro/2022, em termos reais (IGP-DI de junho/2024). Esse cenário se deve ao baixo excedente do cereal de boa qualidade e à menor umidade do solo em grande parte do mês. Porém, o movimento de alta foi interrompido na última semana, diante das chuvas nas áreas produtoras do Rio Grande do Sul. O preço médio do trigo no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.468,41 por tonelada em julho, o maior desde dezembro/2022, superando em 3,3% o de junho e em 8,3% o de julho/2023, também em termos reais. No Paraná, a média de julho foi de R$ 1.546,94 por tonelada, a mais alta desde abril/2023, além de 2% acima da de junho/2024 e 11,3% maior que a de julho/2023. Em São Paulo, por sua vez, a média foi de R$ 1.599,22 por tonelada, queda de 1,7% no comparativo mensal, mas avanço de expressivos 14,1% no anual.
Em Santa Catarina, a média de julho, de R$ 1.510,71 por tonelada, superou em 1,6% a de junho/2024 e em 2,4% a de julho/2023, sendo também a mais elevada desde abril/2023. Especificamente nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), há aumento de 2,26% em Santa Catarina, de 0,58% no Paraná e estabilidade no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as altas são de 1,49% em São Paulo e de 0,04% em Santa Catarina. Por outro lado, há queda de 0,31% no Paraná e de 0,26% no Rio Grande do Sul. No campo, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 98,8% da área nacional já foi semeada. Os estados do Rio Grande do Sul e do Paraná encerraram totalmente as atividades, enquanto Santa Catarina está com 82% do total semeado. Além disso, a colheita do trigo está avançando em alguns Estados, correspondendo a 75% do total em Goiás e a 26%, em Minas Gerais. No Brasil, a área colhida representa 4,1% do volume nacional.
De modo geral, o clima seco, o aumento das temperaturas e a maior luminosidade colaboraram para o encerramento da semeadura no Rio Grande do Sul. No Paraná, as primeiras lavouras implantadas já se encontram em fase de maturação. Em Santa Catarina, as temperaturas mais baixas estão beneficiando o desenvolvimento das plantas, e o cultivo segue avançando. Os preços externos estão em alta, devido à seca que vem afetando as áreas de trigo de inverno nos Estados Unidos e à piora na qualidade do cereal na França. Nos Estados Unidos, de acordo com o relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 29 de julho, foram colhidos 82% da área de trigo inverno, 5% à frente do registrado no ano passado. Para o trigo primavera, 74% estão entre boas e excelentes condições, redução de 3% comparado à semana anterior, com aumento na quantidade de plantas em condição razoável (18% no período anterior para 22% nesta semana).
Na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento (Setembro/2024) do trigo Soft Red Winter tem alta de 3% nos últimos sete dias, a US$ 5,39 por bushel (US$ 198,05 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter registra alta de 2,6% nos últimos sete dias, a US$ 5,59 por bushel (US$ 205,67 por tonelada). No mês de julho, houve queda de 9,3% para o primeiro vencimento do Soft Red Winter na Bolsa de Chicago, com média de US$ 5,43 por bushel (US$ 199,79 por tonelada). No comparativo anual (julho/2024 contra julho/2023), esse contrato caiu 19,7%. Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter cedeu 8,9% em julho/2024, para US$ 5,70 por bushel (US$ 209,78 por tonelada) e 32,2% em um ano.
Na Argentina, dados divulgados pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires no dia 1º de agosto mostram que a semeadura da safra 2024/2025 foi concluída, com 84,3% da área em condições normais e boas. A produção total da temporada deve ser de 18,1 milhões de toneladas, 20% acima da safra 2023/2024 (15,1 milhões de toneladas). Em relação aos preços, os valores FOB do Ministério da Agroindústria apresentam queda de 1,1% nos últimos sete dias. Entretanto, na média mensal, o valor de julho foi de US$ 272,59 por tonelada, 5,62% inferior ao de junho/2024 (US$ 288,81 por tonelada). Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de julho (com 20 dias úteis), as importações brasileiras de trigo somaram 561,498 mil toneladas, volume 34,4% superior ao dos 21 dias úteis de julho/2023 (417,75 mil toneladas). O preço médio do cereal importado foi de US$ 258,20 por tonelada FOB origem, queda de 10,7% no comparativo anual. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.