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13/Aug/2024

M. Dias Branco divulga resultados do 2º trimestre

A fabricante de alimentos M. Dias Branco apresentou lucro líquido de R$ 189,9 milhões no segundo trimestre deste ano. O resultado é 12,8% menor na comparação com igual período de 2023, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 217,9 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atingiu R$ 336,8 milhões, recuo de 10,6% frente aos R$ 376,8 milhões do segundo trimestre do ano anterior. A margem Ebitda ficou em 12,8%, ante 13,2% de um ano antes, queda de 0,4 ponto porcentual. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 0,1 vez, ante 1,2 vez negativa reportada em igual período de 2023. A receita líquida cedeu 7,7% na mesma base comparativa, alcançando R$ 2,630 bilhões, ante R$ 2,849 bilhões do segundo trimestre de 2023. O recuo de 17,2% no preço médio dos produtos na comparação anual do período compensou o aumento de 11,6% no volume comercializado e pesou sobre a receita da companhia.

A queda dos preços das commodities, como o trigo, até meados do segundo trimestre deste ano contribuiu para a diminuição dos preços de biscoitos e massas, pressionando a receita. As Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, bloco chamado pela companhia de "região de ataque", apresentaram recuo de 6,6% na receita líquida na mesma base comparativa, enquanto a "região de defesa", formada pelas Regiões Norte e Nordeste, obteve queda de 9,3% na receita. Do montante total da receita líquida, R$ 60,5 milhões vieram da receita da empresa no exterior, o que inclui exportações e a operação no Uruguai, alta de 32,7% ante o segundo trimestre do ano anterior. O recuo do Ebitda, e consequentemente do lucro líquido, também foi motivado pela redução do preço médio dos produtos vendidos pela companhia e pelo aumento dos custos e despesas. A M. Dias Branco registrou avanço de 11,6% no volume de vendas de seus produtos no segundo trimestre de 2024 na comparação com igual período do ano anterior.

O volume vendido pela companhia passou de 454,1 mil toneladas para 507 mil toneladas. No segmento de biscoitos, o volume comercializado pela empresa aumentou 1%, de 133,1 mil toneladas para 134,4 mil toneladas. As vendas de massas cresceram 8,9%, de 90,1 mil toneladas para 98,1 mil toneladas, enquanto as vendas de farinha e farelo subiram 21,7%, para 440,6 mil toneladas. Em relação ao trimestre anterior, as vendas totais da companhia aumentaram 27,7%, já que o primeiro trimestre tende a ser sazonalmente mais fraco. O mercado, de forma geral, reportou crescimento acentuado em massas e estabilidade em unidades vendidas de biscoitos na comparação com igual período do ano anterior. Apesar do maior volume vendido, a M. Dias diminuiu sua participação de mercado de biscoitos e aumentou em massas na comparação entre o segundo trimestre deste ano e o do ano passado. No segmento de biscoitos, a participação cedeu 0,2% para 31,8%. Em massas, sua participação em volume subiu 1,1%, para 29,2%.

Em farinha de trigo, a participação de mercado da M. Dias em volume vendido aumentou 2%, para 12,1%. Em valor, houve retração anual de participação de mercado em biscoitos e aumento em massas e farinha. A M. Dias manteve a liderança no mercado nacional em massas, biscoitos, granolas e cookies saudáveis no período. O preço médio de todas as categorias caiu 17,2% na comparação anual dos trimestres, para R$ 5,19 por Kg, acompanhando a queda das matérias-primas, principalmente do trigo e do óleo de palma. Em biscoitos, o recuo no preço médio dos produtos foi de 9,3%. Em massas, de 10,1%. Em farinha e farelo, houve queda de 26,6%, e em margarinas e gorduras, o preço médio recuou 17,4%. O preço médio de outras linhas de produtos (bolos, snacks, mistura para bolo, torradas, produtos saudáveis, molhos e temperos) cedeu 3,4% entre o segundo trimestre de 2024 e o de 2023. A produção da M. Dias passou de 695,7 mil toneladas no segundo trimestre de 2023 para 784,1 mil toneladas processadas no segundo trimestre deste ano.

A capacidade total de produção passou de 1,078 milhão de toneladas para 1,091 milhão de toneladas. O nível de utilização da capacidade total de produção aumentou 7,4%, de 64,5% para 71,9%. Ainda como fatos relevantes do segundo trimestre do ano, a companhia destacou a "elevada" verticalização dos dois principais insumos: farinha de trigo e gordura vegetal em, respectivamente, 99,7% e 100%. No último trimestre, a empresa investiu R$ 60,9 milhões, 15,3% abaixo do valor investido em igual intervalo de 2023. Do montante, 66,8% foram destinados para manutenção e 33,2% direcionados para expansão. Os principais aportes foram investimentos em máquinas e equipamentos, obras civis e licenças de uso de software. Os resultados trimestrais da M. Dias Branco referentes ao segundo trimestre deste ano foram afetados pelo descasamento entre preço dos produtos vendidos e custo de produção. O preço médio foi o principal detrator do trimestre, pressionando a receita, o que pesou no Ebitda e no lucro.

Não foi possível diluir a estrutura fixa de custos, porque o volume cresceu, mas o preço das unidades vendidas retraiu. Foi um trimestre de muita volatilidade, o que gera incerteza na formação de preços. O preço médio dos produtos vendidos pela M. Dias Branco recuou 17,2%, passando de R$ 6,27 por Kg no segundo trimestre de 2023 para R$ 5,19 por Kg no segundo trimestre deste ano. A queda acompanhou a retração das cotações das commodities no mercado, sobretudo do trigo. O preço médio do trigo caiu em dólar e em Reais por um período prolongado e na comparação trimestral, enquanto o câmbio ficou de lado. Especialmente farinhas e massas têm preços atrelados ao comportamento da commodity. Em um ano, o custo das matérias-primas adquiridas pela companhia caiu 19,1%, enquanto o custo dos produtos vendidos pela companhia decresceu 53,8%.

Entretanto, a partir da metade do segundo trimestre deste ano, a M. Dias observou a inversão da curva dos custos, com aumento no custo de aquisição do trigo em virtude da valorização do dólar ante o Real. A partir de abril, o trigo começou a subir mais em Real que em dólar. Diante disso, a empresa começou a reajustar os preços dos produtos vendidos, mas o preço novo passou a refletir no resultado somente em junho, quando alcançou R$ 5,50 por Kg. A dinâmica de tabelamento de preço foi um pouco mais lenta que a captura de custos pela empresa. Até o preço novo incorporar ao resultado, a companhia sentiu o custo mais alto, o que comprometeu a lucratividade. Houve um descasamento entre aumento de custo e aumento de preço final, ou seja, levou mais tempo que o imaginado para o preço novo transitar no resultado. Os reajustes de preços foram pontuais. O preço médio menor foi a "grande questão" do trimestre, o que inibiu os efeitos positivos do aumento de 11,6% no volume vendido e de participação de mercado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.