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28/Aug/2024

Preço global do trigo pode subir nos próximos meses

Segundo a PRKT Consultoria, os preços globais do trigo estão voltando aos patamares históricos este ano, após abalos geopolíticos entre 2022 e 2023, principalmente a guerra na Ucrânia, um dos principais exportadores do cereal. Assim, os futuros na Bolsa de Chicago se aproximam dos US$ 6,00 por bushel, valor que fica na média histórica. Não é um preço baixo, como o mercado comenta. Ele só está voltando à média histórica. Mesmo assim, há fatores altistas mais à frente, entre eles os estoques baixos globais da commodity, em que pese a volumosa quantidade do grão guardada na China. A China tem 89% de relação estoque/uso de trigo. Ou seja, os estoques estão em 89% das necessidades anuais do país.

Grandes exportadores, como Estados Unidos, estão com a relação estoque/uso de 25%, o que é um percentual relativamente baixo, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Neste cenário, o mundo está, de certa maneira, trabalhando com uma confiança muito elevada de que a logística está funcionando bem. Porém, qualquer deslize ou abalo geopolítico pode alterar drasticamente o fluxo de comércio global e mexer com os preços. Assim, há riscos de se manter estoques de trigo em níveis mais baixos, como neste momento. Outro fator que pode representar alta de preços é a possibilidade de a China passar a comprar trigo da Argentina. A China aprovou, recentemente, o trigo argentino.

Ainda não houve importação do cereal pelo país asiático, mas quando a China aprovou o milho brasileiro, ela passou a ser o principal comprador do produto do Brasil. Assim, se o país asiático passar a adquirir trigo da Argentina em grandes volumes para manter em níveis elevados seus estoques, deverá haver modificações interessantes na formação de preços internacionais do trigo. Por enquanto, a China compra muito trigo da França, dos Estados Unidos e da Austrália. Se começar a comprar da Argentina, o brasileiro verá uma disputa pelo trigo do país vizinho à qual não está acostumado. Isso, logicamente, vai beneficiar a Argentina.

Mais uma questão que pode inflacionar os preços globais do trigo nos próximos meses é a safra menor de trigo da Ucrânia, de 21,6 milhões de toneladas em 2023/2024, ou 6% menos ante 2022/2023. As exportações também caíram, para 14 milhões de toneladas em 2023/2024, recuo de 24% ante 2022/2023. Além disso, se a Ucrânia adotar uma política de preços mínimos para o trigo, como se discute, isso pode excluir este país do mercado internacional e representar mais um fator altista. A partir do momento em que se estipula um preço mínimo no país, isso prejudica a formação de preços futuros no mercado global.

A Rússia, por sua vez, deve ter safra 9% menor, de 83 milhões de toneladas em 2024/2025, ante os 83 milhões de toneladas de 2023/2024. As exportações devem ser 14% menores em 2024/2025, com 48 milhões de toneladas, ante 55,5 milhões de toneladas em 2023/2024, mais um fator altista em preços globais. A contrabalançar esses fatores altistas está a Argentina, que deve produzir e exportar mais trigo na temporada 2024/2025. Os embarques externos devem ser 40% maiores, com 11,5 milhões de toneladas, ante 8,2 milhões de toneladas em 2023/2024. A safra 2024/25 também deve ser 14% maior, com 18 milhões de toneladas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.