29/Apr/2025
Ainda que de forma lenta, os produtores do norte do Paraná estão trabalhando na semeadura de trigo da nova temporada. Mesmo com preços atrativos para os produtores, as incertezas sobre a área a ser cultivada no Brasil ainda persistem. Por enquanto, estimativas oficiais apontam redução. Além disso, a instabilidade climática, especialmente na Região Sul do País, tem levado muitos produtores a priorizarem outras culturas em detrimento do trigo. No campo, dados divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que, até o dia 22 de abril, 2% da área prevista havia sido semeada no Estado, com 100% das lavouras em boas condições, distribuídas entre as fases de germinação (93%) e crescimento vegetativo (7%). O Deral/Seab também reduziu a estimativa de área plantada, agora projetada em 886,7 mil hectares, queda de 22% em relação ao ciclo anterior, quando o Estado cultivou 1,13 milhão de hectares.
Apesar da menor área, as estimativas atuais apontam crescimento da produção, de expressivos 24%, indo para 2,85 milhões de toneladas, devido ao avanço na produtividade, de significativos 56% frente ao ano anterior, atingindo 3,2 toneladas por hectare. No mercado spot, os moinhos sinalizam estar abastecidos. Em meio à fraqueza do mercado de farinha e à volatilidade cambial, muitos compradores adotam uma postura cautelosa, adquirindo apenas volumes necessários para atender às demandas imediatas. Parte dos vendedores busca liquidar os estoques remanescentes da safra anterior, enquanto outros priorizam a comercialização de soja e milho. Quanto aos preços, o mercado spot nacional de trigo segue sem muitas oscilações. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) permanecem estáveis no Rio Grande do Sul e no Paraná (+0,08%) e recuam 0,54% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços apresentam avanço de 0,15% no Rio Grande do Sul e 0,7% no Paraná, enquanto em São Paulo houve estabilidade (-0,04%) e, em Santa Catarina, pequena queda, de 0,24%.
No cenário internacional, o contrato Maio/2025 do trigo Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago registra recuou de 3,4% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,30 por bushel (US$ 194,74 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato Maio/2025 do trigo Hard Winter apresenta desvalorização de 3,5% no período, para US$ 5,38 por bushel (US$ 197,68 por tonelada). Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires têm queda de 1,2% nos últimos sete dias, a US$ 247,00 por tonelada. As baixas internacionais estão atreladas a chuvas nas regiões produtoras dos Estados Unidos e ao avanço do plantio do trigo de primavera no país norte-americano. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicou que as importações somaram 349,14 mil toneladas de trigo até a terceira semana de abril, contra 454,52 mil toneladas em todo o mês de abril de 2024.
Os preços de importação registram média de US$ 234,8 por tonelada FOB origem, 1,31% abaixo dos verificados no mesmo período de 2024 (US$ 237,90 por tonelada). Para as exportações, o volume soma 77,61 mil toneladas no mesmo período, ainda bem abaixo das 362,62 mil toneladas em abril do ano passado. Os preços de exportação registram média de US$ 228,50 por tonelada FOB porto, 10,9% acima dos verificados em abril de 2024 (US$ 206,00 por tonelada). De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a área semeada com trigo deve alcançar 6,7 milhões de hectares na Argentina, com produção estimada em 20,5 milhões de toneladas, um recorde. Diferentemente da temporada anterior, o trigo já se apresenta como uma opção mais atrativa neste início do ciclo, tendo em vista a incerteza em relação ao milho e as boas reservas de umidade no solo. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.