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03/Jun/2025

Preços do trigo pressionados pela fraca demanda

As negociações envolvendo trigo estiveram lentas no mercado spot ao longo de maio. Os compradores buscaram adquirir apenas lotes pontuais e, com isso, mantiveram seus valores ofertados abaixo do esperado pelos vendedores. Os produtores estiveram focados nos trabalhos de campo e cautelosos na disponibilização de novos lotes. Em maio, observou-se maior disparidade entre os preços dos agentes ativos no spot, mas o avanço da semeadura no Brasil, a expectativa de safra recorde mundial e a projeção de produção argentina crescente acabaram exercendo maior pressão e resultando em queda nos valores médios mensais. Em maio/2025, a média mensal do trigo negociado no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.407,93 por tonelada, recuo de 4,2% frente à média de abril/2025, mas leve alta de 0,9% sobre a de maio/2024, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI).

No Paraná, o preço médio foi de R$ 1.548,86 por tonelada, baixa de 1% no comparativo mensal, mas elevação de 2,3% no anual. Em São Paulo, os valores caíram no mês e no ano, respectivos 3,9% e 1,9%, com a média de maio/2025 a R$ 1.604,06 por tonelada. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.462,33 por tonelada, sendo 1,1% inferior à média de abril/2025 e 5,6% abaixo da de maio/2024. Nos últimos sete dias, especificamente, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), as cotações apresentam baixa de 0,2% no Paraná, 0,18% no Rio Grande do Sul e se mantêm estáveis em Santa Catarina (-0,03%). No mercado de lotes (negociações entre empresas), há redução de 0,94% no Paraná, de 0,4% no Rio Grande do Sul e de 0,18% em São Paulo; em Santa Catarina, é observada alta de 1,8%.

No Paraná, segundo dados de 27 de maio da Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), 63% da área destinada à cultura do trigo já foi semeada, sendo que, até o momento, 99% estão em boas condições e apenas 1% em médias. Das lavouras já semeadas, 22% estão em fase de germinação e 78%, em desenvolvimento vegetativo. As recentes chuvas favoreceram o desenvolvimento inicial das lavouras e há baixo índice de pragas e doenças. No Rio Grande do Sul, relatório divulgado pela Emater-RS no dia 29 de maio aponta que recentes chuvas no Estado acabaram interrompendo temporariamente os trabalhos envolvendo o preparo do solo destinado à semeadura de trigo. As atividades devem ser retomadas quando a umidade do solo estiver adequada novamente. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Brasil, até o dia 24 de maio, 30,6% da área destinada ao cultivo de trigo havia sido semeada.

A Conab aponta que no Rio Grande do Sul a semeadura soma 1% da área. No Paraná, em Goiás, em Minas Gerais, em Mato Grosso do Sul e na Bahia, as lavouras apresentam boas condições. Em São Paulo, a falta de chuvas em algumas regiões prejudica a semeadura. Os preços externos são pressionados por um movimento de realização de lucros e pelo avanço do dólar frente a importantes moedas. Entretanto, a queda internacional é limitada pela leve piora na qualidade das lavouras norte-americanas na última semana. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2025 do trigo Soft Red Winter registra recuo de 1,6% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,34 por bushel (US$ 196,21 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato Julho/2025 do trigo Hard Winter apresenta desvalorização de 1% no mesmo intervalo, a US$ 5,33 por bushel (US$ 195,94 por tonelada).

Em maio, o primeiro vencimento do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago teve média de US$ 5,24 por bushel (US$ 192,76 por tonelada), queda de 2% frente à média de abril/2025 e de 20% sobre a de maio/2024. Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter teve média de US$ 5,22 por bushel (US$ 192,02 por tonelada) em maio, recuos de 5,1% no comparativo mensal e de 24% no anual. Quanto à safra nos Estados Unidos, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 25 de maio, das lavouras de trigo de inverno, 50% estavam entre condições boas/excelentes; 31%, em médias; e 19%, ruins ou muito ruins. Ainda para o trigo de inverno, 75% das lavouras haviam perfilhado, um avanço de 11% no comparativo semanal, em linha com o mesmo período de 2024 e 5% acima da média dos últimos cinco anos.

Para a safra norte-americana de primavera, o USDA aponta que a semeadura somava 87% da área esperada, com 45% das lavouras entre boas/excelentes; 37%, em médias; e 18%, ruins ou muito ruins. Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria apresentam queda de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 231,00 por tonelada. Na média de maio/2025, o valor ficou 5,2% abaixo do de abril/2025 e 17,2% menor que o de maio/2024. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou no dia 29 de maio que a semeadura de trigo da safra 2025/2026 na Argentina alcançou 10,5% da área total prevista, de 6,7 milhões de hectares. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a 4ª semana de maio (com 16 dias úteis), as importações de trigo no Brasil somavam 477,59 mil toneladas, volume 27% menor que o total de maio/2024 (654,84 mil toneladas). O preço médio do cereal importado estava em US$ 242,30 por tonelada FOB origem, alta de 1,3% no comparativo anual. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.