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09/Jun/2025

Preços do trigo firmes com as restrições na oferta

O mercado de trigo segue com pouca movimentação na Região Sul do Brasil, refletindo a oferta restrita e o distanciamento entre os preços pretendidos por vendedores e o teto imposto pela indústria. No Paraná, as cotações permanecem sustentadas, com o Indicador Cepea/Esalq-USP marcando R$ 1.534,40 por tonelada, em leve alta de 0,15% no mês. A oferta é bastante restrita. Na região de Ponta Grossa, os moinhos indicam R$ 1.450,00 por tonelada, mas quem tem trigo está firme nos R$ 1.500,00 por tonelada. As negociações foram lentas ao longo de maio, com compradores focados em volumes reduzidos e produtores reticentes em liberar novos lotes.

A média estadual no mês passado ficou em R$ 1.548,86 por tonelada, queda de 1% em relação a abril, mas ainda 2,3% acima do valor observado em igual período de 2024. No Rio Grande do Sul, Indicador Cepea/Esalq-USP está cotado a R$ 1.363,05 por tonelada, acumulando estabilidade em junho e leve recuo de 0,02% no mês anterior. Neste Estado, os moinhos estão abastecidos até julho e operam apenas com compras imediatas. As cotações no interior variam entre R$ 1.300,00 e R$ 1.400,00 por tonelada, conforme a localização. Ofertas a R$ 1.300,00 por tonelada FOB seguem sem resposta, e só ocorrem negócios pontuais quando o valor atinge R$ 1.350,00 por tonelada próximo às plantas industriais.

Para exportação com embarque em dezembro, a indicação é de R$ 1.330,00 por tonelada no porto. A concorrência com o cereal importado também pressiona a precificação. O produto argentino já circula no mercado brasileiro com valores entre R$ 1.590,00 e R$ 1.600,00 por tonelada CIF moinho, ampliando a diferença frente ao nacional. Com esse diferencial de quase R$ 100,00 por tonelada, não dá para competir. A expectativa de uma safra menor adiciona tensão ao quadro. A StoneX revisou sua projeção de produção nacional para 7,69 milhões de toneladas, corte de 2,7% sobre o número anterior. A área cultivada deve cair 18,8%, para 2,5 milhões de hectares.

No Rio Grande do Sul, a retração estimada é de 40% e as vendas de sementes já recuaram 60%. Em Santa Catarina, a redução chega a 20% na comparação com o ano passado. Foram dois anos seguidos de quebra. Primeiro foi a qualidade, depois a quantidade. Metade da produção foi perdida. Agora, todos estão com “o pé no freio". Para a nova temporada, as indústrias do Centro-Sul indicam preços entre R$ 1.400,00 e R$ 1.450,00 por tonelada CIF, para entregas entre outubro e dezembro, mas os produtores não sinalizam interesse. Com essa redução expressiva na área e os riscos climáticos ainda pela frente, o produtor evita travar preço. Hoje, só considera negócios acima de R$ 1.500,00 por tonelada.

Se o clima ajudar, a produtividade pode compensar. Mas se vier uma geada no final do ciclo, complica. No exterior, os contratos futuros do trigo encerraram a semana passada em alta na Bolsa de Chicago. O vencimento julho avançou 1,70%, e fechou a US$ 5,54 por bushel, impulsionado por preocupações com a oferta na região do Mar Negro. O governo da Ucrânia estima colheita 10% menor neste ano, enquanto o avanço do conflito com a Rússia aumenta os riscos logísticos. Nos Estados Unidos, chuvas intensas no sul das Grandes Planícies ameaçam atrasar a colheita do trigo de inverno e afetar sua qualidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.