05/Aug/2025
Os preços do trigo recuaram em julho pelo terceiro mês consecutivo, mas com quedas pouco acentuadas. A pressão veio especialmente dos menores valores da paridade de importação, que seguiu em patamares baixos devido aos preços externos e ao dólar. A liquidez no mercado interno continuou enfraquecida nas últimas semanas, com moinhos dando preferência ao produto importado, enquanto vendedores estavam focados na finalização do cultivo da nova temporada e no desenvolvimento das lavouras. Há um maior percentual de área a ser semeada somente em Santa Catarina, enquanto a colheita das lavouras avança em Goiás e em Minas Gerais. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a área semeada é de 832,8 mil hectares no Paraná, queda de 27% sobre a temporada anterior. A produtividade pode superar em 52% a de 2024, para 3,14 toneladas por hectare, o que geraria produção de 2,61 milhões de toneladas, 13% acima da do ano passado.
No Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS, a redução de 10% na área (para 1,2 milhão de hectares) não seria compensada pela produtividade (alta de 7,8%, para 3 toneladas por hectare), o que manteria a oferta menor que a registrada em 2024, em 3,59 milhões de toneladas. Com isso, a liquidez segue baixa, e os preços estão em queda, de modo geral. Nos últimos sete dias, no mercado de lotes (negociações entre empresas), os preços registram recuo de 0,82% no Paraná e de 0,07% em São Paulo, mas estabilidade no Rio Grande do Sul e avanço de 1,48% em Santa Catarina. No mercado de balcão (valor pago ao produtor), os preços apresentam queda de 1,5% no Paraná, 1,8% em Santa Catarina e 0,09% no Rio Grande do Sul. Em julho/2025, a média mensal do trigo negociado no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.317,83 por tonelada, quedas de 2,5% sobre a de junho/2025 e de 12,8% em relação a julho/2024, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI).
No estado do Paraná, a média foi de R$ 1.476,95 por tonelada, baixas de 2,2% no comparativo mensal e de 7,2% no anual. Em São Paulo, os recuos foram de respectivos 2% e 8,9%, a R$ 1.499,43 por tonelada em julho/2025. Em Santa Catarina, a média, de R$ 1.441,48 por tonelada, caiu 1,9% e 7,4%, na mesma ordem. O avanço da colheita nos Estados Unidos, a maior oferta da União Europeia e a intensificação da semeadura na Argentina, com boas condições das lavouras, pressionam os futuros. Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2025 do trigo Soft Red Winter apresenta baixa de 4% nos últimos sete dias, a US$ 5,16 por bushel (US$ 189,87 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato Setembro/2025 do trigo Hard Winter acumula recuo de 1,5% no mesmo intervalo, a US$ 5,18 por bushel (US$ 190,61 por tonelada). Em julho, o primeiro vencimento do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago teve média de US$ 5,39 por bushel (US$ 198,38 por tonelada), pequena queda de 0,19% frente à média de junho/2025 e baixa de 0,7% em relação à de julho/2024.
Na Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Winter teve média de US$ 5,18 por bushel (US$ 190,67 por tonelada) em julho, recuos de 3,3% no comparativo mensal e de 9,1% no anual. Quanto à safra nos Estados Unidos, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 27 de julho, a colheita de trigo de inverno avançou 7%, atingindo 80% do total, em linha com igual período de 2024 e com a média dos últimos cinco anos; as atividades foram finalizadas nos estados de Oklahoma, Carolina do Norte, Missouri e Arkansas. Quanto à safra de primavera, a colheita começou e corresponde a 1% das lavouras; 49% das lavouras estavam entre condições boas/excelentes; 33%, em razoáveis; e 18% em situação ruim ou muito ruim. Na Argentina, os preços FOB do Ministério da Agroindústria têm alta de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 235,00 por tonelada.
A média de julho/2025 foi de US$ 231,82 por tonelada, recuos de 0,75% frente a junho/2025 e de 15% comparada à de julho/2024. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a semeadura de trigo da safra 2025/2026 na Argentina alcançou 98,3% da área total prevista, de 6,7 milhões de hectares. Quanto às condições de cultivo, 61% das lavouras estão entre boas/excelentes; 36%, normais e 3%, em razoável/ruim. Quanto às condições hídricas, 79% estão em ótimas/adequadas; 12%, em excesso e 9%, em regular/seca. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de julho (19 dias úteis), as importações de trigo no Brasil somaram 512,02 mil toneladas, volume 21% menor quando comparado ao mês cheio de julho/2024 (644,61 mil toneladas). O preço médio do cereal importado foi de US$ 237,93 por tonelada FOB origem, 8,4% inferior ao de julho/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.