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28/Ago/2019

Exportação de algodão deverá dobrar em 10 anos

Segundo o Rabobank, as exportações brasileiras de algodão devem crescer 115% em dez anos, passando de 1,35 milhão de toneladas da safra 2018/2019 (recorde de vendas externas) para 2,9 milhões de toneladas na temporada 2028/2029. A safra 2018/19 marca a consolidação do Brasil como segundo principal exportador mundial de algodão, superando a Índia e se posicionando atrás somente dos Estados Unidos. Em função dos índices de produtividades locais, a produção majoritariamente de sequeiro e a taxa de câmbio, os custos brasileiros têm se mostrado mais competitivos que seus principais concorrentes, Estados Unidos e Austrália. Apesar da forte perspectiva de crescimento, o Brasil deve se manter como segundo maior exportador mundial da pluma, atrás dos Estados Unidos, que tendem a seguir na liderança. Nos últimos anos, as exportações norte-americanas têm oscilado em um intervalo entre 3,3 milhões e 3,7 milhões de toneladas.

Para atender ao crescimento da comercialização externa, a produção brasileira também deve registrar crescimento. A colheita do País deve avançar 40% entre 2018/2019 e 2028/2029, para 3,9 milhões de toneladas, enquanto a produtividade deve superar o dobro da média mundial, a 1,67 tonelada de algodão em pluma por hectare. A área semeada com a fibra natural deve atingir 2 milhões de hectares na temporada 2028/2029. É válido ressaltar que esse movimento não deve ser linear, ou seja, deve haver movimentos de incremento e retração anuais da área de ciclo em ciclo (principalmente pela flexibilidade de cultivo como 2ª safra), porém, analisando o período de 10 anos, há um viés de expansão. A expansão da produção brasileira tende a ser focada no potencial de crescimento da demanda internacional. O consumo doméstico de algodão tem um leve viés de crescimento, mas, em linhas gerais, tende a ficar muito próximo dos níveis atuais.

A demanda interna deve passar das 760 mil toneladas de pluma no ciclo 2018/2019 para 820 mil toneladas na safra 2028/2029. A Ásia deve continuar sendo o principal mercado da pluma brasileira. São os mercados asiáticos que devem absorver parte significativa da oferta crescente de algodão, pelo crescimento populacional dessa região e pelos baixos custos de produção da indústria têxtil, que favorecem a confecção de produtos localmente mesmo que para futura exportação. Atualmente, 90% das exportações nacionais de algodão são destinadas aos países asiáticos. Dentre os países asiáticos, a China tem sido um importante destino da pluma brasileira. Em 2018, o país importou 300 mil toneladas de algodão do Brasil. A atual demanda chinesa pelo produto do Brasil tem sido impulsionada pela escalada da guerra comercial com os Estados Unidos, o fim da política local de estocagem de algodão e por problemas climáticos na Austrália. Além da China, países como Vietnã, Bangladesh e Indonésia podem absorver maior volume de exportação do Brasil.

Apesar do potencial de incremento da produção de algodão no Brasil e da crescente demanda externa pela fibra natural, o País tem de superar gargalos logísticos para alcançar seu potencial de exportação. Entre eles, pode-se citar a centralização do escoamento no Porto de Santos (SP), mesmo com a produção concentrada no Cerrado, distante cerca de 1.500 a 2.000 Km do litoral paulista. A estimativa é que a capacidade atual de exportação de algodão do Porto de Santos seja próxima de 1,8 milhão de toneladas, volume já próximo da expectativa 1,35 milhão de toneladas escoados da safra 2018/2019, porém significativamente abaixo da perspectiva de 2,9 milhões de toneladas esperados em 2028/2029. Entre as possíveis rotas de escoamento, estão os portos do Arco Norte, como Itacoatiara, Santarém ou Barcarena e o Porto de Salvador (BA). Outra alternativa é a utilização de transporte intermodal, combinando rodovias, hidrovias e ferrovias. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.